Suinos: pesquisadores testam suplementos naturais no Brasil

por | fev 17, 2025

A produção de carne suína no Brasil deve alcançar aproximadamente 5,53 milhões de toneladas em 2025, conforme projeções do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). Para que o país mantenha sua posição de destaque entre os maiores produtores e exportadores da proteína no cenário global, pesquisas vêm sendo conduzidas com foco em uma produção mais sustentável e sem o uso de antibióticos.

Um exemplo desse esforço é o trabalho realizado pelo Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A instituição tem direcionado seus estudos para aprimorar a nutrição de leitões na fase de creche, um período crítico para o desenvolvimento dos animais.

Segundo o pesquisador Fábio Enrique Lemos Budiño, um dos projetos em andamento avalia os efeitos da suplementação com bacteriocina nisina e ácidos graxos de cadeia média na dieta inicial dos leitões recém-desmamados. O objetivo é analisar o impacto dessas substâncias no desempenho dos animais, na incidência de diarreia, nos parâmetros sanguíneos, na composição do microbioma, na estrutura intestinal e nos mediadores inflamatórios.

O desmame é uma fase desafiadora para os leitões, pois envolve não apenas a separação da mãe, mas também mudanças no ambiente, na alimentação – da forma líquida para a sólida – e no convívio social, devido à mistura de leitegadas. O uso de aditivos na dieta nesse momento pode estimular o consumo, melhorar a digestibilidade e reduzir problemas gastrointestinais, resultando em um melhor desenvolvimento dos animais.

Além dos benefícios à saúde dos leitões, a adoção desses aditivos contribui para evitar a resistência bacteriana, permitindo que o Brasil amplie sua presença em mercados que proíbem o uso de antimicrobianos, fortalecendo ainda mais as exportações de carne suína.

A nisina, por exemplo, é um peptídeo produzido por bactérias comuns no leite, atuando como um antibiótico natural contra bactérias Gram-positivas. Seu uso ajuda a inibir a proliferação de patógenos e favorece o equilíbrio da microbiota intestinal. Já os acidificantes possuem ação antimicrobiana, auxiliam na digestão de proteínas e contribuem para a integridade das vilosidades intestinais, promovendo uma absorção mais eficiente dos nutrientes.