A 1163 metros acima do nível do mar, o Pico do Gavião na serra da Mantiqueira, em Andradas, complementa o cenário de origem do azeite sul mineiro premiado internacionalmente por duas vezes. No bairro Pinheirinhos, a produtora Paula Trevisan investiu em um olival que com apenas três anos, em sua primeira produção, recebeu as mais altas pontuações em competições internacionais em Nova York e Itália.
“Este ano, foi o a primeira produção que tivemos, nem era esperada, porque a oliveira aqui no Brasil ela começa com quatro anos, mas assim, uma produção baixa. Mas que se inicia com quatro anos e o auge dela é com sete anos. Então tivemos uma surpresa esse ano, com uma produção no terceiro ano e acima do esperado”.
Paula relata que por ser a primeira produção, ficou indecisa quanto a participar ou não dos concursos. A prova do mestre de lagar foi essencial nessa decisão. “Nosso mestre de lagar que provou, falou que estava um nível muito bom, em uma qualidade muito boa. Foi ai que resolvemos arriscar e mandar amostras para o concurso na Itália e em Nova York. E fomos premiados com medalha de ouro nos dois concursos”.
O engenheiro agrônomo Rodinei Carvalho, explica que acompanhou a lavoura desde o início, e foi feito na ocasião um levantamento sobre o solo e as principais características do local. Segundo ele, por se tratar de um cultivo exótico, as oliveiras exigem técnicas e adaptações. Mas além desse manejo, também foi necessária uma atenção especial quanto aos micro-organismos presentes no solo vulcânico. Ainda segundo o engenheiro, esse fator também é responsável por parte do sucesso desse azeite.

“Esse solo é vulcânico, essa região está dentro daquilo que foi uma caldeira vulcânica, então o solo aqui é bem manchado e por estarmos perto do Pico do Gavião, com os anos, erosão e chuva, essa serra empurrou para a parte mais baixa alguns elementos. Falamos de microelementos, como, Boro, Cálcio, Magnésio, Zinco, esses elementos que são importantes para produtividade e qualidade do fruto, além da diferenciação. É o famoso terroir, que destaca as diferenças desse clima e desse solo”.
Para a produtora Paula, o prêmio é mais do que motivo de alegria, é também confirmação da sua decisão de investir no cultivo. “Os prêmios acabam sendo uma recompensa pra gente porque é um trabalho que a gente exerce há anos. Uma recompensa não só pra mim, mas pra todos que me acompanhada na lavoura”.
Trajetória e turismo na olivicultura –
A produtora investiu na olivicultura após abandonar a vida de bancária na capital paulista. Ela que vem de uma família de produtores conta desse retorno. “Eu queria voltar para o interior, não acostumei lá. Abandonei o banco e resolvi investir nas oliveiras. A minha família já é do meio rural e isso teve um pouco de influência na minha vida”.
E a exuberante paisagem ao redor do olival, também possibilita o investimento no turismo rural. O Pico do gavião que já é ponto turístico, é considerado um dos melhores lugares do mundo para a prática de voo livre. E na estrada ao redor dele, passa o Caminho da Fé, diariamente usado por peregrinos que tem como destino Aparecida do Norte – SP. Paula conta que está nos seus planos futuros o investimento no turismo.
“Eu tenho a intenção de fazer algo relacionado ao turismo, porque por mais nova que seja a lavoura, eu tenho pessoas que me procuram querendo conhecê-la. As pessoas tem curiosidades por ser uma plantação bonita e diferente. Aqui na região, já existe uma exploração muito legal das paisagens naturais, além da rota do Caminho da Fé, que passa por aqui. E a minha ideia é poder abrir pra que essas pessoas conheçam a lavoura”.
